TDAH: A Armadilha da Autocobrança e a Perda da Evolução
3/13/20252 min read


Os Desafios Emocionais no Tratamento do TDAH
A jornada do tratamento medicamentoso do TDAH é um caminho de descobertas e adaptações, onde a percepção da própria evolução pode ser obscurecida por sentimentos intensos de insatisfação, autocobrança e ansiedade. No início, a medicação pode trazer uma sensação de clareza e controle, um alívio bem-vindo após anos de desafios. No entanto, essa animação inicial pode dar lugar a um padrão de pensamento familiar, onde a autocobrança e a ansiedade voltam a dominar.
É comum que pacientes com TDAH, acostumados a se exigirem excessivamente, tenham dificuldade em reconhecer as melhoras alcançadas. Mesmo quando a medicação permite estabelecer uma rotina, alcançar objetivos e ser mais conclusivo, a voz crítica interna pode persistir, minimizando os avanços e focando nas imperfeições. Essa distorção da realidade é alimentada por pensamentos automáticos disfuncionais, crenças negativas arraigadas que distorcem a percepção da própria capacidade e progresso.
A ansiedade, por sua vez, pode levar à busca por resultados imediatos e perfeitos, gerando uma sensação de que a medicação "não está funcionando" se os sintomas não desaparecerem completamente. Essa impaciência pode levar à tentação de aumentar a dose da medicação sem necessidade, buscando um alívio rápido que nem sempre é a solução mais adequada.
É fundamental lembrar que o tratamento do TDAH é um processo contínuo, que exige paciência, autopercepção e acompanhamento profissional. A psicoterapia, em conjunto com a medicação, pode auxiliar na identificação e modificação dos pensamentos automáticos disfuncionais, promovendo uma visão mais realista e gentil da própria evolução.
Exemplos de pensamentos automáticos disfuncionais:
"Eu deveria estar conseguindo fazer tudo perfeitamente."
"Se eu não estou 100% focado, a medicação não está funcionando."
"Eu sou um fracasso se ainda tenho dificuldades."
Estratégias para lidar com a insatisfação e a autocobrança:
Diminua a autocobrança: reconheça que você está fazendo o seu melhor e que é normal ter dificuldades.
Celebre as pequenas vitórias: valorize cada conquista, por menor que seja.
Mantenha um diário: registre seus progressos e desafios, para ter uma visão mais clara da sua evolução.
Busque apoio: converse com seu terapeuta, familiares ou amigos sobre seus sentimentos.
Lembre-se: a jornada do TDAH é única para cada indivíduo, e o tratamento exige tempo, paciência e autocompaixão. Ao reconhecer e modificar os padrões de pensamento disfuncionais, é possível construir uma relação mais saudável consigo mesmo e com o tratamento, permitindo que a medicação cumpra seu papel de forma eficaz.